7ª e 8ª séries: Discurso direto, indireto e indireto livre
DISCURSO DIRETO
No DISCURSO DIRETO transcreveremos literalmente a passagem do texto que selecionamos para aproveitarmos em nosso texto. Se acharmos que é importante para o leitor do texto que estamos produzindo, entrar em contato direto com o que o autor da nossa fonte disse/escreveu, devemos utilizar o DISCURSO DIRETO. Daremos uma maior CREDIBILIDADE ao que estamos querendo dizer. Platão & Fiorin (1996:182) definem algumas marcas importantes ao elaborar o discurso direto.
Vejamos:
"a) Vem introduzido por um verbo que anuncia a fala do personagem ...Tais verbos costumam ser denominados verbos de dizer (dizer, responder, retrucar, afirmar, falar e outros do mesmo tipo).
b) Normalmente, antes da fala do personagem, há dois pontos e travessão.
c) Os pronomes, o tempo verbal e palavras que dependem de situação são usados literalmente, determinados pelo contexto em que se inscreve o personagem: o personagem que fala usa a 1ª pessoa; pra falar com o interlocutor, utiliza-se da 2ª pessoa; os tempos verbais são ordenados em relação ao momento da fala e assim por diante".
Vamos a um exemplo de Discurso Direto:
Sentado na mesa do bar, Carlos levantou-se e foi até a mesa de Júlia, uma antiga colega de faculdade e, sem muita pretensão, perguntou:
- Júlia?! Não acredito que é você! Nossa, quanto tempo!
DISCURSO INDIRETO
Nesse caso não iremos transcrever literalmente as palavras de nosso autor
(fonte da nossa pesquisa). Queremos expor somente o sentido do pensamento daquilo que nosso autor quis dizer. Vejamos:
Platão & Fiorin definem o discurso indireto como sendo um procedimento que não transcreverá literalmente a fala do outro. Para os autores, o discurso indireto virá introduzido por um verbo que tenha o mesmo sentido de DIZER; será separado da fala do narrador por uma partícula introdutória – conjunções (que – se); o verbo virá em 3ª pessoa e o tempo verbal se correlacionará com o tempo em que se situa a narração. (1991:181-3)
Abaixo, deixo um exemplo de Discurso Indireto:
Sentado na mesa do bar, Carlos levantou-se e caminhou até a mesa de Júlia, uma antiga colega de faculdade. Chegando à mesa, como se não a conhecesse, perguntou se ela era a Júlia, aquela antiga amiga, e quando viu que estava certo, espantou-se, afirmando que há muito não se encontravam.
DISCURSO INDIRETO LIVRE
Aqui já há uma conciliação entre os dois tipos de discurso (direto e indireto). A função do discurso indireto livre é eliminar os diálogos intermediários, dar uma certa afetividade às palavras e exteriorizar fragmentos do fluxo de consciência de uma personagem. Platão & Fiorin esclarecem que o DISCURSO INDIRETO LIVRE
"corresponde a uma espécie de discurso indireto do qual se excluíram: os verbos de dizer que anunciam a fala do personagem, a partícula introdutória (que, se)". Acrescentam ainda que: "o discurso indireto livre mescla a fala do narrador com a do personagem (...) cria um efeito de sentido que fica a meio caminho entre a subjetividade e a objetividade. Nele, são duas vozes que se expressam, a do narrador e a do personagem". (1996:184-5)
Vejamos um exemplo de Discurso Indireto Livre:
Carlos sempre imaginou que a faculdade havia sido a sua melhor fase, não só pelos amigos, mas pelas festas. Ah, as festas…
As noites em claro que passava conversando com uma, duas, três, ou até quatro calouras era o que mais sentia falta. De fato que muitas conversas eram superficiais; notas, aulas chatas, professores chatos e provas. Enfim, conversas descartáveis, mas que rendiam boas horas de diversão.
Porém, para Carlos, as melhores conversas eram aquelas que varriam a madrugada adentro, parando somente para o café da manhã. Conversas que ele só tinha com Júlia, uma aluna do 2º período, uma linda mulher: morena, alta, incrivelmente sensual e, a melhor parte, inteligente. Ah, que saudade tinha de Júlia e suas conversas. E, sentado, esperando João que havia saído para fumar, Carlos lembrava dessas longas conversar, imaginando o que teria acontecido com Júlia desde o final da faculdade, e se arrependendo por não ter mantido contato com ela.
Com certa tristeza no olhar, Carlos chamou o garçom e pediu mais uma porção de batata frita, como João havia lhe pedido, antes de sair. Porém, ao virar-se para procurar João, que já estava fora há mais de 15 minutos, Carlos não pode acreditar no que via. Júlia, a aluna do 2º semestre, estava sentada a duas mesas de distância, sozinha e perfeitamente linda. Seus cabelos soltos seguiam o ritmo da brisa que soprava pela janela. E com os olhos fixados naquela visão, certificou-se que era a mesma Júlia e, sussurando, afirmou em voz baixa: É ela!
Como se algo o forçasse a levantar, criou coragem e sem pretensão alguma, dirigiu-se até sua mesa e perguntou:
- Júlia?! Não acredito que é você! Nossa, quanto tempo!
Os autores recorrem a um trecho da obra Vidas Secas de Graciliano Ramos para explicarem as três formas de discursos. Vejamos:
a) Discurso direto:
Baleia pensava: O mundo ficará todo cheio de preás, gordos, enormes.
b) Discurso indireto:
Baleia pensava que o mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.
c) Discurso indireto livre:
O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.
IMPORTANTE CONSULTAR SEMPRE:
Verificar as possibilidades de formação do discurso direto, indireto e indireto livre, considerando os tempos verbais (presente, pretérito, pretérito imperfeito e outros...) In: Othon, Garcia. Comunicação em prosa moderna. 17ªed. Rio de Janeiro: FGV, 1996. p.129-151.